Rede Concepcionista de Ensino  - Colégio Maria Imaculada - São Paulo-SP

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São Paulo-SP

Notícias

Mar.
19

2019

Reflexão: Lição de uma Tragédia

Na manhã do dia 14 de março, fomos surpreendidos com a notícia de uma tragédia. Tratase de dois ex-alunos da Escola Estadual Professor Raul Brasil, em Suzano, São Paulo, efetuando disparos dentro da Escola e matando ao menos sete pessoas no local. Os autores dos disparos são
Guilherme Taucci Monteiro, de 17 anos, e Luiz Henrique de Castro, de 25 anos. Após a ação, um matou o outro e cometeu suicídio em seguida.

A trágica notícia logo correu os meios de comunicação social. Como toda má notícia, ela logo se espalha, quase que automaticamente, pela velocidade de nosso mundo tecnológico.

Este mundo tecnológico, no entanto, narra a notícia, mas muito pouco ou quase nada questiona o motivo de tal fato ter ocorrido. Sabemos que não é papel da mídia investigar o porquê dos fatos. E por isso mesmo as especulações começam e as opiniões logo se espalham na mesma
velocidade da ação trágica.

Não é fácil analisar profundamente um fato como este. É fruto de uma ação complexa, com estrutura também complexa. Sabemos, no entanto, que nenhuma ação humana se dá isoladamente. Ela é fruto de uma estrutura social, econômica, política e sobretudo familiar.

Por isso a pergunta: o que motivou o massacre pelos dois ex-alunos da Escola? Não é fácil responder; então temos as opiniões, e estas são várias. O fato é que vivemos numa sociedade nacional e internacional bastante violenta. A violência ganha força nas ruas, nas casas, nas instituições, envolvendo muitas pessoas, de modo muito especial os mais vulneráveis - crianças, adolescentes e jovens.

Há uma violência disseminada pelas redes sociais e pelo submundo da internet em geral, principalmente pelo Deep Web (nome dado a uma zona da internet que não pode ser detectada facilmente pelos tradicionais dispositivos).

Muitos adolescentes e jovens são vítimas também, e, como forma de afirmação na sociedade ou com os amigos, entram nesses grupos como reposta ao que sofrem. Ou seja, praticam com outros aquilo que eles sofrem ou já sofreram. O próprio moderador do grupo descreveu os dois atiradores.
Afirmou ele: “Luiz era um rapaz injustiçado, não somente pelo sistema, mas por questões culturais, onde ser branco demais, ter nariz grande ou espinhas são motivos suficientes para sofrer uma espécie de terrorismo psicológico durante anos... Guilherme era um bom garoto que acabou descobrindo da pior forma possível que brincadeiras podem se tornar pesadelos”.

Portanto, vivemos numa sociedade onde a violência está exposta. Ela vem acompanhada do ódio, que é a não aceitação do diferente, e o ódio acirrado culmina em violência. Numa sociedade desigual não se admite o outro. Não se admite que este outro seja diferente de mim, tampouco pense e aja diferentemente.

Cabe aos pais, educadores e instituições cuidar mais de seus filhos e educandos. Não se trata de vigiar, mas de acompanhá-los em todo o seu processo educativo e de idade. Não podemos nos cansar de nossos adolescentes e jovens. A tragédia e a violência podem ser, tristemente, um pedido de socorro para as famílias e educadores. A responsabilidade é de todos nós.

Frei Luiz Carlos, OP
Assistente Espiritual CMI